Produzido em 1985, Brazil é um longa dirigido por Terry Gilliam (membro do grupo de comédia britância, Monty Python) que na versão extendida possui 143 min.
Brazil se passa num universo distópico governado por um governo totalitário repleto de burocracia. O protagonista, Sam Lowry (Jonathan Pryce), é um mero funcionário do ministério das informações e sua mãe é uma socialite membra da alta sociedade.
Vou falar sobre os pontos que mais me chamaram atenção nesse filme. Não pretendo seguir uma linha lógica ao longo desse texto.
A prisão de Buttle
O filme já começa com uma cena bem chocante e revoltante, a prisão do senhor Buttle determinada por causa de um erro tipográfico, pois o verdadeiro alvo era o senhor “Tuttle”.
Os agentes do governo invadem a casa dos Buttle’s furando um buraco no teto e quebrando as janelas. Eles envelopam o incriminado num saco preso peso pelo pescoço, fazendo com que pareça um pedaço de carne sendo carregada para o abate. Mas a noiva de Buttle, Verônica Buttle não precisa se preocupar pois o estado está deixando um recibo para resgistrar a ação e permitindo que ela use o documento para registrar uma reclamação nos órgãos governamentais.
Brazil e o Brasil da ditadura militar
O que mais me deixa curioso nesse filme é se a escolha do nome “Brazil” foi algo proposital para remeter ao nosso Brasil. Li algumas análises conjecturando que talvez os autores estivessem fazendo uma crítica e um paralelo do filme com a ditadura militar em nosso país. O filme foi lançado em 1985, o ano do fim da ditadura militar. Mas não achei nada sobre os criadores confirmando essa ligação.
Brazil também parece ter se inspirado bastante na obra 1984 de Geroge Orwell. Várias vezes o filme mostra câmeras de segurança por todos os lados com um formato de olho sempre espiando tudo.
O ministério da “recuperação” de informações
Esse na verdade é o ministério da tortura. “Recuperar informações” na verdade significa toruturar as pessoas para conseguir confissões. Foi assim que Buttle foi morto.
É bastante sádico que Jack, o amigo de Sam que trabalha como torturador nesse ministério, leva sua filha para o escritório de trabalho.
Tuttle, o encanador e soldado rebelde
O personagem de Robert De Niro é o mais divertido. Harry Tuttle é um ex funcionário da empresa “serviços centrais” que vende tubos e conexões elétricas para as residências. Ele se rebelou contra a burocracia e começou a trabalhar de forma independente, adulterando as instalações oficiais da empresa, o que é considerado ilegal.
Assistindo o Tuttle me lembri imediamante do Mario Bross dos vídeo games. Afinal, os dois personagens são encanadores e “heróis”.
A primeira aparição do Tuttle é uma das minhas cenas favoritas. É comico que ele precisa fazer todo um plano digno de missão impossível para consertar meras encanações sem que a empresa serviços centrais fique sabendo. Para driblar toda a burocracia deste mundo distópico Tuttle se tranforma num Tom Cruise.
Confusão e bagunça
Por mais que tudo nesse universo de “Brazil” seja repleto de burocracia, tudo na verdade é uma bagunça. Até a história do filme é meio confusa, com momentos de sonhos misturados com a realidade extremamente extravagante. Acredito que isso seja proposital para mostrar que excesso de burocracia não significa excesso de organização, muito pelo contrário.
Os terroristas não existem de verdade
No início o filme deixa a entender que Jill é uma terrorista mas depois mostra que essa é uma acusação infundada. Jill na verdade é apenas uma cidadã revoltada com o governo e que busca justiça pelo assassinato de seu vizinho.
Eu acho isso genial no filme pois essa impressão que foi causada no telespectador é justamente o que o governo quer. Quando Jill pergunta a Sam “quantos terroristas você conhece” isso nos sugere que na verdade os terroristas nem sequer existem, uma vez que ninguém os conhece.
Os terroristas na verdade podem ser uma criação do estado, um inimigo imaginário inventado para poder plantar acusações contra pessoas que o governo quer eliminar e conseguir seu objetivo se aproveitando da aceitação popular.
Procedimentos estéticos
Ida Lowry (Katherine Helmond), a mãe de Sam, é uma membra da alta sociedade viciada em procedimentos de estética. Durante todo o filme fica parecendo que sua maior preocupação é rejuvenescer a sua aparência.
Nem a explosão de uma bomba logo ao seu lado enquanto está jantando com seu filho e suas amigas parece abalá-la.
O filme acaba também fazendo uma crítica aos procedimentos de estética. A amiga de Ida, Sra. Terrain faz também faz procedimentos estéticos no rosto mas acaba tendo complicações que ao longo do filme vão piorando e piorando até que em uma das cenas das ilusões de Sam, mostra o funeral de Terrain.
Veredito
Esse filme é incrível. A construção do universo é muito interessante e criativa. A atmosfera transmite a sensação de um estado antipático e ameaçador. Mesmo sendo uma universo muito extravagante, ficam claras as semelhanças com o nosso mundo atual, incluindo as semelhanças com o nosso Brasil.